O edifício sede da Prefeitura Municipal de Planura está situado na esquina das ruas Monte Carmelo e Sacramento, na área considerada núcleo inicial de Planura. O edifício possui características marcantes em sua fachada que permite classificá-lo dentro dos preceitos do art-déco.

 

O Art-déco foi impulsionado nas décadas de 1930 e 1940 no Brasil, principalmente em edifícios de grande porte e também na arquitetura industrial, influenciando as pequenas construções, como as moradias, nos mais distantes rincões do país. As principais características são a geometrização dos elementos decorativos, a composição escalonada e o uso de platibandas na busca de uma imagem da modernidade. (CORREIA, 2010).

 

No caso do edifício da prefeitura de Planura, as características do art-déco estão evidenciadas nas fachadas voltadas para a rua Sacramento e Monte Carmelo. O edifício está implantado na esquina destas ruas e tem a entrada principal no vértice das fachadas, a partir de um chanfro em que está localizada a porta principal com duas folhas e bandeira. O chanfro é ladeado por duas pilastras que avançam o limite superior da platibanda. O desenho permite o movimento ascendente, característica importante do art-déco, e destaca o acesso principal. A platibanda é outro elemento marcante e de grande destaque no edifício, pois apresenta elementos geométricos também de forma ascendente que se repetem ao longo das duas fachadas.

 

Em relação às aberturas, a maioria das janelas possui a mesma dimensão. Na rua Monte Carmelo existem quatro janelas iguais, sendo que a última possui dimensão menor, todas possuem fechamento em vidro fantasia com estrutura de ferro do tipo basculante pintados de cinza. Na Rua Sacramento são apenas duas janelas, também basculantes de ferro. A única porta existente nas fachadas é a entrada principal também em ferro.

 

O edifício está elevado alguns centímetros do nível do solo e o acesso se dá por dois degraus que estão situados na parte externa. As cores utilizadas na fachada são o branco e o amarelo, o último foi utilizado na pintura dos ornamentos. O interior do edifício foi modificado ao longo do tempo devido aos diferentes usos.

 

Foi tombada pelo Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural - COMPPAC em 2013, teve seu tombamento retificado em 2018. Está homologado o tombamento pelos Decretos Municipais nº 129/2013 e nº 120/2018.

 

As fotos são dos arquitetos e urbanistas: Ana Paula Miranda, Guilhereme Graciano, (2013), César Ribeiro (2018) e ainda fotos mais recentes do acervo fotográfico da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. 

 

 

A "Praça da vila de Furnas" , como é conhecida pela população de Planura, faz parte do completo da Vila dos Operários de  Furnas criada à época da construção da hidrelétrica de Porto Colômbia, que está instalada no Rio Grande entre as cidades de Planura/MG e Colômbia/SP. Foi tombada pelo Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural - COMPPAC em  2015 e teve seu tombamento homologado pelo Decreto Municipal nº 93/2015. 

 

A praça faz parte do plano urbano original da Vila de Operadores de Furnas e é a maior praça no traçado urbano de toda a cidade de Planura, que por sua escala na malha urbana, apresenta características de parque, integrando-se à área das margens do Lago de Planura. A Praça foi projetada pelo renomado paisagista carioca Fernando Chacel (1931-2011), que prestou serviços para Furnas entre os anos de 1963 e 1976[1]. O arquiteto paisagista Fernando Chacel é considerado um dos mais importantes paisagistas brasileiros, com reconhecimento nacional e internacional. Chacel foi fundador da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap), estagiou com Roberto Burle Marx, sendo considerado por alguns críticos, seu sucessor, e recebeu, em 2005, uma honraria da Fundação Dembarton Oaks, de Washington, instituição ligada à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que tem em seu centro acadêmico uma parte ligada ao estudo da historia da arquitetura paisagística[2].

 

Fernando Chacel considerou que no projeto da Usina Hidrelétrica de Porto Colômbia e na Vila de Operadores em Planura houve uma preocupação com a preservação da vegetação existente por parte da equipe de engenheiros e arquitetos, que defenderam a manutenção da vegetação nativa nas cabeceiras da barragem e na vila de Planura.

 

O traçado urbano da Vila de Operadores de Furnas, hoje, Bairro Vila de Furnas, foi desenvolvido segundo os preceitos do urbanismo moderno, em voga na época, tendo influência das chamadas “cidades jardim” em seu traçado de formas orgânicas e no tratamento paisagístico do loteamento, com grandes afastamentos frontais e laterais nas construções, onde há a predominância de áreas verdes. Devido a suas características, ambiência e traçado, o Bairro Vila de Furnas difere-se completamente do loteamento original da cidade, que é uma malha ortogonal quadrada.

 

A Vila de Operadores de Planura foi construída contigua à cidade, de forma que a Vila e o núcleo original da cidade se complementassem com serviços, comércio e infraestrutura.

 

As fotos são dos arquitetos e urbanistas - Ana Paula Miranda e Guilherme Graciano (2015), e ainda compõe o acervo fotos da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. 

 

 

[1] GUERRA, Maria Eliza Alves. Vilas Operadoras de Furnas nas Bacias dos Rios Grande e Paranaíba – da concepção à atualidade. Tese (Doutorado) IG/UFU, Uberlândia, 2008.

[2] GRUNOW, Evelise; SERAPIÃO, Fernando. (julho de 2005). Entrevista com Fernando Chacel, ProjetoDesign/Arco Web, http://arcoweb.com.br/projetodesign/entrevistas/fernando-chacel-nao-planejei-22-07-2005 acesso em 30 de agosto de 2015.

 

 

O Antigo Conjunto de Mesa e Cadeiras do Gabinete da Prefeitura Municipal de Planura/MG constitui-se de quatro elementos: 1 mesa e 3 cadeiras, sendo uma para o usuário principal e duas para atendimento a visitas. A coloração castanha avermelhada do acabamento das peças indica a utilização da madeira tipo mogno, comumente utilizada no brasil na década de fabricação da peças. 

 

O primeiro móvel é uma mesa para escritório, com 80cm de altura, 192cm de comprimento e 100cm de largura. Detém de características neoclássicas, sendo muito utilizado nesse estilo motivos arquitetônicos, como as colunas estilizadas nas laterais. Estas são frisadas, cuja base e capitel apresentam motivo em medalhão. Tampo em curvas suaves e revestido em radica. Detalhe para a base frisada e curva que contornam as laterais e a parte frontal do móvel, onde há um detalhe decorativo no formato de um losango, em marchetaria de radica.  Na parte posterior, o móvel detém de quatro gavetas em cada lateral e duas gavetas mais estreitas ao centro, sendo a primeira gaveta de cada lateral, com fechadura. Todos os puxadores em formatura curvo, em alumínio escovado. Possui em cada lateral, as mesmas ornamentações em coluna da parte frontal. A técnica e materiais utilizados mesclam radica (tampo), madeira maciça (colunas decorativas, base que contorna o móvel), marchetaria (losango frontal), compensado laminado (parte frontal ligeiramente curva e tampo), com encaixes por meio de cola e pregos.

 

Uma das cadeiras é uma poltrona, com 103m de altura total, 49cm a altura até o assento e 60cm de largura, marcada por características do estilo Luís XV, onde predominam as linhas fluidas e curvas, cujos elementos decorativos e estruturais são marcados pelo equilíbrio. O estilo Luís XV desenvolveu-se na França entre os anos de 1735 a 1765, marcado pelo conforto doméstico e pelas linhas do rococó.  No móvel em questão, a curva se acentua e faz presença nos pés frontais cabriolés. Os braços e as pernas são marcados por linhas sinuosas entalhadas, presentes na parte frontal do móvel. Os braços possuem detalhe estofado em tecido na cor vermelha e taxas, também presentes em todo estofado da peça. Os pés posteriores são roliços e sem entalhe. A peça é toda em madeira maciça mogno, com encaixes por meio de cola e cavilhas.

 

Duas cadeiras são  poltronas de 97cm de altura, 53cm de largura e 49cm a altura do assento. Sua construção é marcada por um equilíbrio de linhas retas e levemente curvas. Sua estrutura não possui ornatos. Seus pés suavemente curvos detêm de apoio estrutural em formato triangular. O espaldar em formato quadrangular, com parte superior em arco e estofado na cor vermelha, com detalhes em taxas. Os braços são compostos por uma haste horizontal reta e uma vertical que se fecha em curva. O assento também em estofado vermelho, porém sem taxas. Embora, a poltrona não ser enquadrada em um estilo puro, pode-se verificar uma influência do móvel neoclássico, onde predominavam linhas mais retas, horizontais e verticais, de grande delicadeza e suavidade, buscando a simplicidade.

 

O estofado do encosto e do assento das três cadeiras são formados por uma espuma recoberta com tecido avermelhado, análogo a cor da madeira. No encosto, o estofado é ligado à madeira por meio de taxas pretas com cabeças arredondadas do tipo “panela”, as quais contornam toda extremidade do estofado, formando um tipo de moldura.

 

Não é possível enquadrar as cadeiras dentro de um estilo específico. No entanto, pode-se dizer que as peças possui referências físicas e estéticas do mobiliário que se difunde na primeira metade do século XX, onde predominaram a simplicidade das formas em busca de uma adequação às produções seriadas industriais. Nota-se, nas cadeiras, referências tanto do mobiliário neoclássico, delicado e austero, como dos mobiliários projetados pelos movimentos de vanguarda modernista. Essa estética, simplificada, que dispensa o entalhe, mas não abre mão da curva pode ser observada, por exemplo, nos mobiliários do art nouveau francês.

 

O Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural - COMPPAC tombou o conjunto em 2017, e o tombamento está homologado pelo Decreto Municipal nº 129/2017.

 

As fotos são dos arquitetos e urbanistas - Ana Paula Miranda (2017) e Maurício Vaz ( 2021).

 

 

O Álbum de Memórias da Dona Silvia é o exemplo desse vestígio deixado pelo passado, contendo uma visão de mundo, uma consciência histórica do que foi vivido, o registro de alguém que teve a sua própria história de vida marcada pelos acontecimentos do passado/presente. Nele constam os marcos, os dados tão importantes para aquele contexto de quem participou daquilo que foi escrito e construído no tempo presente. A memória é fruto de vivências que marcam profundamente a vida das pessoas, e, ainda que ressignificada no presente, traz consigo a consciência do tempo e da vida.

 

O Álbum do Grupo Escolar “João Alves de Paiva” foi escrito no ano de 1966 por Maria Ribeiro Duarte, a então diretora geral do Grupo. O bem é um caderno antigo, sua estrutura física é de um caderno de desenho tipo espiral, com capa de papel cartão e folhas que possuem gramatura de 120 gramas em seu miolo. O estado de conservação apresenta as marcas do tempo, como ferrugem no espiral, algumas manchas de umidade na capa, e o amarelado com o tempo.

O bem se encontra em estado regular de conservação, necessitando de reparos físicos (restauro) e armazenamento adequado, bem como limpeza nas folhas e remoção de agentes de ferrugem (espiral) que deterioram a boa conservação do bem. Temos amarelamento em todas as folhas e muitas manchas de umidade e fungos provenientes de armazenamento inadequado desses 54 anos desde que o caderno foi escrito.

 

O Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural - COMPPAC tombou o bem em 2020, e o tombamento está homologado pelo Decreto Municipal nº 159/2020.

 

As fotos a seguir são do fotógrafo Arionilsom Ramiro de Morais. Data: 04/11/2020.