Em Planura, a Cavalgada faz parte de um movimento maior e não só de uma festa, restrita a uma data no ano. São realizadas três principais Cavalgadas: a da Festa do Peão que acontece no mês de março; a realizada pela Secretaria Municipal de Cultura sempre no mês de setembro e a Cavalgada para a Igreja de Nossa Senhora Aparecida no mês de outubro, no dia de louvou à Santa. Durante todo o ano acontecem outras Cavalgadas aleatórias por outros motivos (particulares ou não), mas essas são as três festas oficiais que acontecem na cidade.

 

A Cavalgada da Festa do Peão é realizada de forma para chamar a população da cidade para participar da Festa do Peão. Ela acontece no final de semana anterior da festa. Geralmente realizada pela Comitiva Esplanada (maior Comitiva de Planura).

 

A Cavalgada e Queima do Alho, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura é tida como a principal Cavalgada da cidade, tornou-se uma festa oficial de Planura. Nessa Cavalgada são convidadas as cidades vizinhas para participarem. Sempre contam com a participação das comitivas das cidades de Conceição das Alagoas, Pirajuba, Frutal, Colômbia, Uberaba, etc.

 

A Cavalgada de Nossa Senhora foi criada pelos membros da Igreja de Nossa Senhora da Aparecida em Planura que pediram ajuda para os cavaleiros da cidade para realizarem inicialmente uma Cavalgada e que fossem revertidos os lucros para construções e manutenção da igreja. Este evento vem se repedindo já fazendo parte do calendário do município.

 

 

A Queima do Alho

O nome “Queima do Alho” é dado a tradição da culinária típica das comitivas de peões de boiadeiro e virou uma das principais atrações das Festas do Peão da região e também da Cavalgada de Planura. O cardápio é composto de arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne, carne no disco e quibebe de mandioca com linguiça.

A história deste ritual data dos tempos em que os tropeiros viajavam para vender seus bois. Os grupos eram compostos por um cozinheiro, um ajudante de cozinha e peões. Como as viagens eram longas, duravam entre três e quatro meses, os cozinheiros tinham a preocupação de trazer no lombo dos animais, alimentos não perecíveis, conservados no sal grosso.

Durante o trajeto havia sempre alguém a perguntar: “Quem iria queimar o alho?” ou “Que horas vamos queimar o alho”? O cozinheiro da tropa se dispunha durante a Cavalgada, a descascar o alho e coloca-los na conserva de gordura animal para que, quando chegasse próximo a refeição do almoço ou jantar já estivesse tudo preparado, tornando uma tradição culinária típica, da qual ainda é feita em um fogão improvisado bem próximo do chão.

Na Cavalgada de Planura a Queima do Alho acontece na parte dedicada a confraternização dos cavaleiros após o passeio feito pela cidade. É um almoço servido aos cavaleiros e familiares e também os que queiram participar da festa. Sempre composto pelos pratos tradicionais da cultura tropeira que é preparada pelos homens, conforme manda a tradição.

 

o bem imaterial foi registrado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural no ano de 2015 e está homologado pelo Decreto Municipal nº 94/2015.

 

O vídeo e fotos  a seguir foram produzidos  por:  Jesus Correa de Lima  e Rodrigo Fernandes. Também compõe o acervo fotográfico, fotos do acervo particular de Sormani de Lima Martins (cavaleiro local) e fotos da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. 

 

A Quermesse de Santo Antônio é uma festa popular que ocorre na cidade de Planura, de iniciativa da comunidade onde acontecem os festejos dedicados ao santo padroeiro e com o trabalho da população para arrecadar fundos para a Paróquia de Santo Antônio. A festa pertence a uma tradição brasileira, que inicialmente foi trazida para o nosso país através dos colonizadores portugueses e sua antiga tradição católica, e aqui, foi se transformando com a prática do povo brasileiro conforme descreveremos mais profundamente adiante.

 

Santo Antônio nasceu em Lisboa em data incerta, numa casa, assim se pensa, próxima da , às portas da cidade, no local onde posteriormente se ergueu a igreja sob sua invocação. A tradição indica 15 de agosto de 1195, mas não há documento fidedigno que confirme esta data. Também foi proposto o ano de 1191, mas, segundo um seu biógrafo, o padre Fernando Lopes, as contradições em sua cronologia só se resolveriam se ele tivesse nascido em torno de 1188.

 

Sabe-se que no Brasil, Santo Antônio é uma figura religiosa muito venerada devido à prática cultural desenvolvida no país, e trazida pelos portugueses, onde se desenvolveu grande proximidade da população com este Santo, e é realizada por todo território brasileiro festas folclóricas em seu nome das mais variadas práticas e formas de devoção. Em Minas Gerais ela acontece junto as festas de São João e São Pedro na metade do ano. Em Planura não é diferente e a festa realizada é em formato de Quermesse[i], espécie de festa destinada para arrecadar fundos para a Igreja local.

 

A quermesse em louvor a Santo Antônio antigamente era realizada na praça da antiga Capela de um só cômodo feito de madeira que comportava cerca de 50 fieis apenas – e em um terreno situado à frente da praça, onde hoje existem alguns comércios, residências e a sede da Prefeitura Municipal. A festa em louvor a Santo Antônio se deve a uma tradição antiga, trazida culturalmente pelos portugueses colonizadores e se tornou tradição em Minas Gerais, Estado tradicionalmente católico, comumente realizado no dia de Santo Antônio, 13 de junho, data de seu falecimento. A festa era realizada em função também, da arrecadação de fundos para a construção da nova Igreja da cidade, que atualmente, mantém um pároco residente, Pe. Jaime. A Igreja foi construída e mantida graças ao trabalho da população planurense que anualmente realizado a Quermesse de Santo Antônio e arrecadam fundos. Atualmente a Igreja passa por nova ampliação e esta nova construção ainda está em andamento, o que fez a comunidade deslocar as celebrações para o espaço do Salão Paroquial e a o uso das missas campais na rua em frente a este, onde também foi instalado as barracas da quermesse deste ano de 2015.

 

A festa da Quermesse de Santo Antônio se iniciou em meados dos anos 70 com a organização das pessoas que encabeçaram o trabalho em Planura para arrecadarem recursos financeiros para inicialmente fazerem as melhorias necessárias na Capela de Madeira e posteriormente, construindo uma Igreja de alvenaria, proliferando a prática de sua fé, edificando assim, um vínculo de pertencimento não só à sua própria religião, como também o espaço físico da Igreja e de Planura.

Essa festa é realizada anualmente a mais de 40 anos. É uma festa popular pertencente à população planurense. Faz parte da tradição e o que constrói e representa esse povo, que foi formado pela tradição católica e rural, portanto, a Quermesse é fruto da união desses fatores.

 

O Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural registrou o bem em 2015, e o registro está homologado pelo Decreto Municipal nº 95/2015.

 

O vídeo e fotos  a seguir foram produzidos  por:  Jesus Correa de Lima  e Rodrigo Fernandes. Também compõe o acervo fotográfico, fotos  cedidas pela comunidade católica, pela Paróquia de Santo Antônio e fotos da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer. 

 

[i]Quermesse é uma palavra com origem no termo em flamengo kerkmisse, que significa uma festa

beneficente, com um bazar, onde é feito um leilãodas prendas oferecidas.

Este tipo de evento costuma ser organizado ao ar livre, e a sua origem está relacionada com a Igreja Católica.

Atualmente, o termo quermesse é usado para descrever qualquer feira onde existe algum tipo dediversão, como barracas de sorteios, jogos com prêmios, etc. Outro tema muito comum nas quermesses é a gastronomia, sendo que é possível provar as comidas típicas da região onde a festa é organizada.

As quermesses estão intimamente relacionadas com as festas juninas(http://www.significados.com.br/quermesse/)

 

 

Foi possível identificar traços da permanência de festas de Folia de Reis em Planura/MG, desde a década de 70, e a existência de pelo menos quatro Companhias de Reis, hoje já extintas: a Companhia de Reis do sr. Cândido (deficiente visual), a Companhia de Reis do sr. Pio Tomé da Silva (74 anos), a Companhia de Reis do sr. Debrair Cassimiro dos Santos (80 anos) e, a Companhia de Reis do Sr. José Maria de Oliveira “Zé Bambu” (último Maestro - Adriano Lopes, sobrinho e filho de criação).

 

Observamos que, assim como em outras localidades, as Companhias de Reis antigamente não era batizadas com nomes, como acontece hoje, então eram identificadas pelo seu mantenedor ou pelo Maestro, que em alguns casos não eram a mesma pessoa.

 

As Festas de Reis de Planura/MG, sempre estiveram ligadas ao ato religioso da promessa e graça alcançada. Todos os relatos demonstram isso e as festas sempre aconteceram em função do pagamento destas promessas.

 

A parte religiosa da Festa de Santos Reis é mantida com a reza da novena e terços, com a devoção aos Santos Reis e feitura de promessas na intenção de obter-se alguma graça ou cura de males do corpo físico ou espiritual. A comunidade católica local ainda arma o presépio às vésperas do natal e o mantém sem a imagem do menino Jesus até o dia do seu nascimento – 25 de dezembro, quando então à meia noite ele é colocado.  O presépio é mantido até o dia 6 de janeiro – Dia dos Santos Reis – Três Reis Magos, que geralmente são agraciados com a presença da Bandeira da Folia local para os saudarem ou, com a própria família reunida em torno do presépio para os saudá-los e agradecer. Geralmente o presépio é desmontado no dia 20 de janeiro de cada ano, e fica guardado até o próximo ano, ou até o dia de receber a Bandeira de Santos Reis em casa por motivo de agradecimento de uma graça alcançada pedida aos Três Reis Santos.

 

A credulidade dos fiéis nos Santos Reis, também é percebida quando estão diante da Companhia de Santos Reis, em especial diante da bandeira, a qual, cumprimentam sempre de cabeça baixa em sinal de respeito, fazendo uma reverência, beijando-a ou ao seu conjunto de fitas coloridas que a adornam. A manutenção das missas dedicadas à Natividade e aos Três Reis Magos é outro sinal da manutenção da fé católica e devoção da comunidade, além das festas tradicionais dos festeiros.

 

A Festa de Reis mais tradicional de Planura/MG, e a mais lembrada, é a do sr. José Maria de Oliveira, conhecido como “Zé Bambu” (30-09-1943 | 07-05-2010) e sua esposa Ivone Maria Oliveira (falecida em 2013). Conforme relatos fotográficos é anterior a década de 80. O senhor José Maria, fazia a festa também como pagamento de promessa. A festa era realizada sempre no dia 06 de janeiro de cada ano e só era adiada, caso este dia caísse no meio da semana. Assim a festa passava apara o sábado seguinte. Suas campanhas de arrecadação conforme relatos de membros da família, começavam sempre no dia 25 de dezembro do ano anterior e uma prenda já era garantida todos os anos, fruto de pagamento de promessa, o senhor Arnaldo Botelho lhe doava uma novilha para a festa de cada ano.

 

A Companhia de Santos Reis “Os Ministros de Belém” foi formada em 2013 pelo seu Maestro, Augusto no município vizinho de Frutal/MG, onde residia na ocasião. A Companhia era formada com foliões que residiam em Frutal e foliões de Planura (pertencentes às extintas Companhias daqui) com todos os integrantes vindos de famílias tradicionais ligadas à cultura da Folia de Santos Reis.  Em 2017, com a volta do senhor Augusto (maestro da Companhia) para a cidade de Planura, trouxe com ele a Companhia que foi agraciada com a participação de quase todos os integrantes daqui de Planura e assim permanece até o presente momento. É constituída por homens e mulheres com idade entre 14 e 75 anos e todos com aprendizado oral sobre as tradições da Folia de Reis. E as vezes agregam a Companhia em situações pontuais, mais 2 ou 3 foliões convidados da cidade vizinha de Frutal/MG.

 

O Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural - COMPPAC fez o registro da manifestação popular em 2019 e está homologado o ato pelo Decreto Municipal nº 098/2019.

 

O vídeo a seguir foi produzido em 2019 pela assessoria de imprensa da Prefeitura.

O acervo fotográfico apresentado é composto de fotos da Página 8 (Jesus Correa e Rodrigo Fernandes), fotos antigas recolhidas com a comunidade e fotos do acervo da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer.